De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Cosmetologia de Campinas (SP), 65,5% dos brasileiros não aplicam protetor solar diariamente. Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico do instituto, ressaltou que o uso inadequado do produto pode ser tão prejudicial quanto a ausência de aplicação. "O uso incorreto é mais arriscado, pois cria uma falsa sensação de proteção, levando a pessoa a se expor ao sol de forma imprudente", explicou.
O estudo qualitativo, que entrevistou 1.057 pessoas de todos os estados brasileiros, também revelou que muitas pessoas não aplicam protetor em dias nublados ou chuvosos (23,3%), não o reaplicam durante o dia (46,1%) e não sabem a quantidade exata para garantir a proteção indicada no rótulo (36%).
Quando questionados sobre os motivos para não usarem o protetor, as respostas mais comuns foram o preço elevado (21,1%), desconforto com a textura do produto (24,5%) e a sensação de que não é necessário (12,5%). Portilho confirmou que o alto custo do protetor solar é um obstáculo significativo, especialmente para as camadas da população com menor poder aquisitivo.
Em relação ao uso do protetor, a maioria dos entrevistados mencionou a preocupação com a saúde (53,3%) e a prevenção ao câncer de pele (36,9%) como as principais motivações. Portilho destacou que a falta de proteção solar pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de câncer de pele.
Ediléia Bagatin, professora de Dermatologia da Unifesp, explicou que o protetor solar é crucial não apenas para prevenir queimaduras solares, mas também para proteger contra o envelhecimento precoce e o câncer de pele. Ela alertou que a exposição prolongada à radiação solar pode causar manchas e até mutações celulares que, com o tempo, podem levar ao câncer.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou que o Brasil pode registrar 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma entre 2023 e 2025. O câncer de pele não melanoma é o tipo de tumor mais comum no país, representando cerca de 30% de todos os casos de câncer.
A prevenção ao envelhecimento precoce também foi abordada por Bagatin, que destacou que a radiação UVA, responsável pelo envelhecimento da pele, é constante durante todo o dia. O uso diário de protetor solar ajuda a proteger a pele dos danos causados por essa radiação.
Quanto à aplicação, Bagatin recomendou usar uma quantidade suficiente para garantir uma cobertura uniforme e visível, sem deixar de reaplicar o produto a cada duas horas ou após intensa exposição ao sol. Mesmo em dias nublados, é essencial reaplicar o protetor, pois a radiação UV passa pelas nuvens e continua a afetar a pele.