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Era uma vez uma seleção que impunha respeito. Que jogava por amor, por glória, por orgulho de vestir a camisa amarela. Era uma vez um Brasil que entrava em campo com a certeza de que sua história seria honrada, que cada dividida seria uma batalha e cada gol um grito de euforia coletiva. Mas esses tempos ficaram para trás.
Ontem, mais uma vez, fomos testemunhas da decadência. Um Brasil acéfalo em campo, perdido, sem alma. Uma seleção que não se reconhece mais, que olha para o próprio uniforme e não sente o peso de uma tradição que já foi temida pelo mundo. A Argentina, com seu elenco de guerreiros, provou que futebol ainda se joga com paixão, enquanto nossos jogadores vagavam pelo gramado como meros coadjuvantes de um roteiro previsível. Mais uma derrota, mais um vexame.
O problema está apenas nos atletas? Claro que não. O futebol brasileiro reflete o Brasil fora das quatro linhas. O caos da administração pública encontra paralelo na gestão da CBF, onde interesses particulares se sobrepõem ao esporte. Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade, recebe um salário astronômico de quase 400 mil reais por mês. Quem o colocou lá? Os grandes clubes, que em troca de favores, preferiram perpetuar um sistema falido em detrimento do renascimento da Seleção.
O que vemos hoje é uma camisa que já foi mítica sendo usada como ferramenta de marketing, um emblema que já arrepiou multidões sendo transformado em moeda de troca para interesses escusos. E quem deveria honrá-la, se limita a posar para selfies, vender produtos e garantir contratos milionários.
A Seleção Brasileira não está só em crise técnica e tática. Está em crise moral. Reflexo de um país desorganizado, tomado pelo crime e dominado por uma sociedade que, aos poucos, vai perdendo seus valores. O futebol sempre foi um espelho do Brasil. E se olharmos bem, veremos que não é apenas o time que está afundando.
Nossos craques de outrora jogavam por amor, e não apenas por cifrões. Pelé, Amarildo, Leônidas da Silva, Djalma Santos, Bellini, Gerson, Tostão, Rivelino, Garrincha, Zagallo, Carlos Alberto Torres, Sócrates, Oscar, Careca, Zico, Neto (que poderia ter jogado em 90), Taffarel, Cafú, Romário, Bebeto, Marcos, Rivaldo, Ronaldo's, entre outros nessa linda história da Seleção Brasileira… Homens que transformaram o futebol brasileiro em sinônimo de arte. Hoje, os jogadores vestem a camisa da Seleção como se fosse um contrato temporário, um trampolim para contratos mais vantajosos na Europa ou no mundo árabe. Não há mais comprometimento, não há mais a gana de vencer. E o torcedor, aquele que carrega a paixão nos ombros, se vê refém de uma instituição que o ignora.
O Brasil já foi penta. Já foi o país do futebol. Hoje, somos apenas uma lembrança do que fomos um dia. E nada parece pior do que perceber que nem mesmo aqueles que vestem a camisa canarinho acreditam mais nisso. Enquanto isso, seguimos assistindo ao declínio de um gigante que, aos poucos, perde sua alma.