Seu nome de batismo era José Carlos de Camargo Campos, mas todos o conheciam por “Carlito Campos”. Filho do ex-prefeito de Amparo Ovando de Campos e de dona Alzira de Camargo Campos, Carlito Campos nasceu em 27 de janeiro de 1921, em Amparo (SP). Formou-se contador no ano de 1943.
Eu o conheci já no ocaso de sua vida de político e de empresário, dedicado, quase que integralmente, às emissoras de rádio de seu grupo empresarial. Quase semanalmente, eu o visitava no concorrido primeiro andar do Edifício Maria Lúcia, onde ficava sua sala, fosse para “fechar” alguma publicidade, fosse para ouvir seus sábios conselhos ou, mesmo, “jogar conversa fora” e aprender com aquele homem cuja experiência de vida era imensurável.
Homem de poucas palavras, voz mansa e olhar semicerrado, Carlito Campos tinha, contudo, uma visão ampliada do mundo político e do mundo dos negócios. Entre seus amigos pessoais, figurava gente de peso da política nacional – entre eles, o ex-governador Paulo Maluf e o saudoso ex-deputado federal e ex-ministro da Agricultura e Pecuária Antônio Delfim Netto.
Carlito Campos não foi prefeito de Amparo porque não quis! Durante o Governo Jânio Quadros, na década de 50, por intermédio do deputado estadual Narciso Pieroni, foi ele, Carlito Campos, quem indicou, em maio de 1957, o nome do novo prefeito do município de Amparo, sr. Walter Zelante de Godoy (em lugar do engenheiro José Peccinini Petri) – naquela época, os prefeitos das chamadas “estâncias sanitárias” eram nomeados pelo governador do estado! –, e nada impedia que "Seu" Carlito indicasse o próprio nome, mas não o fez. É bem verdade, porém, que, com a Emenda Constitucional n.º 2/1958 (quando as estâncias puderam tornar a eleger seus respectivos prefeitos), Carlito Campos foi candidato nas Eleições Gerais de 3 de outubro de 1958, mas terminou em segundo lugar, perdendo para Raul de Oliveira Fagundes.
Na área empresarial, dirigiu a Campos & Cia. Ltda., no ramo de materiais de construção e empreendimentos imobiliários. Foi pioneiro na construção de edifícios em Amparo, responsável pelo primeiro prédio de andares no município, o Edifício Maria Lúcia.
No campo da comunicação, foi diretor do Jornal “O Município”, proprietário da Rádio Difusora de Amparo AM, emissora pioneira em Amparo, fundada em janeiro de 1947, e também sócio-proprietário e, posteriormente, diretor-presidente da Rádio Cidade das Águas 101,3 FM desde a sua fundação, em 3/5/1981.
Na seara política, Carlito Campos foi vereador por cinco mandatos consecutivos (durante 24 anos), em uma época na qual o exercício da Vereança não era remunerado. Foi presidente do Legislativo amparense nos anos de 1956, 1957, 1958, 1959, 1969, 1970, 1971 e 1972.
Foi presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Amparo durante 14 anos, diretor do Lar dos Velhos de Amparo, diretor da Santa Casa Anna Cintra e presidente do Conselho de Segurança de Amparo.
Foi, merecidamente, agraciado com o título de cidadão benemérito, outorgado pela Câmara Municipal de Amparo, por indicação do vereador Luiz Carlos de Oliveira (“Carlitinho”), em 12/12/2003.
Casado com dona Dagmar de Arruda Campos, o casal teve três filhos: Maria Lucia Campos Bueno, Antônio Carlos de Arruda Campos (“in memoriam”) e José Carlos de Camargo Campos Filho. A descendência já se estende através de oito netos, bisnetos e, até onde sei, uma trineta.
Encantou-se Carlito Campos em 31 de outubro de 2007, deixando irreparável lacuna na sociedade amparense. Em homenagem póstuma, tornou-se patrono da sala da Secretaria do Floresta Atletico Clube e a tribuna da Câmara Municipal de Amparo leva seu nome, por indicação do vereador e hoje prefeito Carlos Alberto Martins.
Carlito Campos sem dúvida fez a diferença e contribuiu para construir a história recente de Amparo.